quarta-feira, 25 de maio de 2011

As imposições da 'Liberdade'


Vi o Jean Wyllys (ex-BBB, agora deputado estadual), numa entrevista com a Marília Gabriela, criticando o falecido Clodovil por ele ter declarado que não ia à Paradas do Orgulho Gay porque não tinha orgulho de ser um. Fiquei pensando: eu, como mulher, sou parte de uma minoria ainda oprimida e tal.. será que eu iria a uma 'Parada do Orgulho Feminino'? Não, eu não iria. Não que eu não tenha orgulho de ser mulher. É claro que eu tenho – exceto quando vejo minhas pares fazendo bobagem por aí: tipo mulheres-melancia, marias-gasolina ou aquelas que encaram 'ser bem resolvida' com 'ser sem-vergonha' – mas é que eu acho que eu provavelmente encontraria algo que me apetecesse mais do que ir a um evento destes. Por outro lado, se eu sofresse na pele alguma injustiça pelo fato de ser mulher, talvez eu comparecesse... Difícil dizer. Poderiam me chamar de alienada, descompromissada, etc., mas o fato é que simplesmente eu não acho legal esse 'superenaltecimento' de uma classe e, de mais a mais, conquistamos a liberdade de expressão há anos e ela também pressupõe a liberdade de silêncio, não é?
Enfim, penso que o Clodovil não estava errado em fazer o que bem entendia. Só porque ele era um representante famoso da comunidade GLBT não significa que ele tivesse o dever de ser engajado na luta pelos direitos dessa classe. Se não, todo artista negro teria que lutar pelos direitos dos negros, toda mulher famosa teria que defender os direitos femininos, toda celebridade idosa deveria participar de campanhas pelos idosos e assim por diante.
Existem causas com as quais nos identificamos mais do que outras e somos ainda livres para não nos identificarmos com nenhuma, se assim quisermos! Além disso, bem sabemos que muitas das pessoas presentes numa parada gay estão ali por diversas outras razões que não a de se fazer ouvir na sociedade.
Viva a liberdade! Viva os gays! Viva as mulheres, idosos, negros, crianças, animais, portadores de necessidades especiais, nerds...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A Verdade


Não, esse não é mais um artigo discutindo a verdade do ponto de vista filosófico, metafísico, etc. Estamos aqui falando da verdade simples, da verdade complexa, da verdade verdadeira.

Exemplifiquemos: quantas mulheres hoje tem um implante de silicone? Quantos caras as acham lindas e nem sabem que são siliconadas? Será que elas os estão enganando? Deveriam essas moças andar com uma placa na testa ou, neste caso mais especificamente, nos peitos onde leria-se 'Implante – 300ml'? Não! Pro cara, saber ou não saber qual é o material do qual aquilo ali é composto é mera casualidade. Isso não vai afetar sua vida de forma significativa. Ele não vai ficar com cara de idiota ao descobrir a 'verdade'. 

Tomemos agora um exemplo contrário: suponha que você trabalhe numa empresa e que você suspeite que seu chefe obtenha lucros ilícitos. Se suas suspeitas forem confirmadas, isso sim vai fazer diferença na sua vida. A menos que você seja totalmente desapegado de ética e valores morais, esta situação vai te incomodar. Ao tomar conhecimento dos fatos e ficar inerte você estará sendo, no mínimo, conivente.

Se houver abertura para a conversa, no entanto, tudo pode ser colocado em pratos limpos. Você poderá perceber que está mesmo errado, suspeitou mal. Mas você pode também estar certo e, se estiver, o que será que seu chefe vai dizer ao ser confrontado? A verdade?

Usando a máxima 'Contra fatos não há argumentos' podemos deduzir que, ou ele silenciará, ou sairá pela tangente sem mais explicações.

A verdade não é sempre fácil de dizer nem de ouvir. Se ela for ilegal, imoral, antiética ou bizarra, piorou! Portanto, tomemos cuidado ao buscá-la pois, se ela pode nos iluminar, pode também nos nausear. E, certifiquemo-nos sempre de ter uma alternativa, um plano B, afinal, há verdades com as quais não conseguimos lidar... e eu não estou falando de silicone!