Vi o Jean Wyllys (ex-BBB, agora deputado estadual), numa entrevista com a Marília Gabriela, criticando o falecido Clodovil por ele ter declarado que não ia à Paradas do Orgulho Gay porque não tinha orgulho de ser um. Fiquei pensando: eu, como mulher, sou parte de uma minoria ainda oprimida e tal.. será que eu iria a uma 'Parada do Orgulho Feminino'? Não, eu não iria. Não que eu não tenha orgulho de ser mulher. É claro que eu tenho – exceto quando vejo minhas pares fazendo bobagem por aí: tipo mulheres-melancia, marias-gasolina ou aquelas que encaram 'ser bem resolvida' com 'ser sem-vergonha' – mas é que eu acho que eu provavelmente encontraria algo que me apetecesse mais do que ir a um evento destes. Por outro lado, se eu sofresse na pele alguma injustiça pelo fato de ser mulher, talvez eu comparecesse... Difícil dizer. Poderiam me chamar de alienada, descompromissada, etc., mas o fato é que simplesmente eu não acho legal esse 'superenaltecimento' de uma classe e, de mais a mais, conquistamos a liberdade de expressão há anos e ela também pressupõe a liberdade de silêncio, não é?
Enfim, penso que o Clodovil não estava errado em fazer o que bem entendia. Só porque ele era um representante famoso da comunidade GLBT não significa que ele tivesse o dever de ser engajado na luta pelos direitos dessa classe. Se não, todo artista negro teria que lutar pelos direitos dos negros, toda mulher famosa teria que defender os direitos femininos, toda celebridade idosa deveria participar de campanhas pelos idosos e assim por diante.
Existem causas com as quais nos identificamos mais do que outras e somos ainda livres para não nos identificarmos com nenhuma, se assim quisermos! Além disso, bem sabemos que muitas das pessoas presentes numa parada gay estão ali por diversas outras razões que não a de se fazer ouvir na sociedade.
Viva a liberdade! Viva os gays! Viva as mulheres, idosos, negros, crianças, animais, portadores de necessidades especiais, nerds...