quinta-feira, 28 de abril de 2011

Montanha da Vida


Quem dá a nós o direito de acabar com a inocência de alguém? Com sua pureza? Seus castelos? E por que?
 
Queria ser aquela Juliana... Aquela inocente, inexperiente, pura. Não essa que aos 23 já conhece o mal, a falsidade infame, a mentira calculada, os olhares oblíquos e dissimulados de Capitus e Bentinhos. E aos 63? O que há de ser? Uma velha carcomida, ranzinza, amarga por completo? Uma velha que só enxerga o fim da montanha? Que tristeza! Eu esperava mais.. Esperava mesmo! Talvez a teoria da montanha* seja de fato verdadeira e eu, precoce que sou, já começo a vislumbrar a descida aos 23!

*teoria que ouvi numa palestra na época da faculdade. Segundo ela, até mais ou menos os 30 anos estamos subindo a montanha da vida, olhando sempre pra cima, enxergando tudo com esperança, almejando mudar o mundo ou, pelo menos, nossa história. Porém, depois disso chegamos ao topo - que corresponderia a mais ou menos a metade da nossa vida - e chegamos ao ponto em que já começamos a vislumbrar a morte, o fim, encarando o fato de – muitas vezes – não termos conseguido tudo o que desejamos um dia. A metáfora pode dizer respeito tanto a nossa vida profissional quanto pessoal.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Canção de Amor da Jovem Louca


tradução de Maria Luíza Nogueira

Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro
Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer
(Acho que te criei no interior da minha mente)

Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis,
Entra a galope a arbitrária escuridão:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.

Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama,
Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para a insanidade.
(Acho que te criei no interior de minha mente)

Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo do inferno:
Retiram-se os serafins e os homens de Satã:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.

Imaginei que voltarias como prometeste
Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome.
(Acho que te criei no interior de minha mente)

Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão
Pelo menos, com a primavera, retornam com estrondo
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro:
(Acho que te criei no interior de minha mente.)

                                                                   Sylvia Plath (A Redoma de Vidro - 1971)

I shut my eyes and all the world drops dead; 
I lift my lids and all is born again. 
(I think I made you up inside my head.) 

The stars go waltzing out in blue and red, 
And arbitrary blackness gallops in: 
I shut my eyes and all the world drops dead. 

I dreamed that you bewitched me into bed 
And sung me moon-struck, kissed me quite insane. 
(I think I made you up inside my head.) 

God topples from the sky, hell's fires fade: 
Exit seraphim and Satan's men: 
I shut my eyes and all the world drops dead. 

I dreamed that you bewitched me into bed 
And sung me moon-struck, kissed me quite insane. 
(I think I made you up inside my head.) 

God topples from the sky, hell's fires fade: 
Exit seraphim and Satan's men: 
I shut my eyes and all the world drops dead. 

I fancied you'd return the way you said, 
But I grow old and I forget your name. 
(I think I made you up inside my head.) 

I should have loved a thunderbird instead; 
At least when spring comes they roar back again. 
I shut my eyes and all the world drops dead. 
(I think I made you up inside my head.)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Eu mesma


Cansada de ser quem querem que eu seja, cansada de ser eu mesma. Eu sou isso. Eu sou a pessoa que querem que eu seja e essa é minha essência, talvez até meu 'charme'. Mas estou cansada. Queria ser aquela mulher/menina que vive só na minha cabeça, aquela que eu encarno quando só, encenando as mais diversas situações. Eu queria ser eu mesma, mas a mesma que eu não sou e que só eu conheço.
Queria que houvesse uma poção que me libertasse – nem sugiram álcool.. já tentei!